No século XX, assistiu-se a uma reconfiguração da utilização do texto em cena, no teatro e na dança. No teatro, o lado mais visível dessa manifestação talvez se encontre no próprio trabalho e função do ator, confrontado com processos de criação e objetos cénicos, nos quais a palavra assume a periferia de espetáculos não-dramáticos, pós-dramáticos, coreográficos, imagéticos e visuais ou ainda musicais. Na dança, a figura do bailarino mudo começou a decorar texto e a dizê-lo em palco, a cantá-lo, ou ainda a escrevê-lo nos ensaios. Tanto o ator como o bailarino viram igualmente a sua própria designação mudar nas fichas artísticas dos espetáculos. No entanto, se o ator ou o bailarino são o reflexo dessa transformação, o imaginário literário do encenador ou do coreógrafo ajudaram (e ajudam) a desenhar as suas estéticas de palco, vincando nelas uma ideia de teatro e/ou de dança.