Sob um sol inclemente, uma mulher enterrada até à cintura age como se tal condição fosse a coisa mais natural do mundo, respondendo à cruel estranheza da sua circunstância com um discurso falsamente bem-disposto e hábitos ritualizados. Winnie é o seu nome. Willie é o marido dorminhoco a quem a mulher dirige a sua tagarelice.
Mais de cinquenta anos volvidos sobre a estreia de Ah, os dias felizes, Samuel Beckett continua a surpreender, intrigar e perturbar. A peça é recuperada por Nuno Carinhas que descobre na imobilidade cronometrada da obra e na aridez do texto uma metáfora de surpreendente fertilidade, capaz de dar conta da condição humana como do jogo da representação teatral ou de uma civilização devastada.
De Samuel Beckett
Tradução Alexandra Moreira da Silva
Encenação, cenografia e figurinos Nuno Carinhas
Desenho de luz Nuno Meira
Desenho de som Francisco Leal
Preparação vocal e elocução João Henriques
Interpretação Emília Silvestre e João Cardoso
Produção TNSJ
Coapresentação Fundação CCB
© João Tuna