O que significa dar o corpo ao manifesto em 2022?
É cuidá-lo e protegê-lo? É arriscar perdê-lo a cada dia que passa? É oferecê-lo às balas? É investi-lo de ação e de tempo?
Para esta edição, que é simultaneamente a 10.ª e a 01.ª, dedicamo-nos a pensar o corpo: o corpo feminino ou masculino, o corpo não binário, o corpo belo, o corpo que adoece e envelhece, o corpo mútuo, o corpo duplo, o corpo norma e tradição, o corpo que rasga o sistema, o corpo domesticado, o corpo livre, o corpo língua, o corpo planeta, o corpo que dá o litro e se entrega à vida e ao movimento.
Este encontro está pensado para públicos muito jovens (como é o caso de “As Estrelas Lavam os Teus Pés”, de Sara Anjo e Madalena Palmeirim, para espectadores a partir dos três anos), e para diversas gerações e tendências. Abrirá com “Bate Fado”, de Jonas & Lander, um espetáculo grandioso que investiga a relação entre fado e dança a partir de registos e documentos do início do século e de ilustrações de Rafael Bordalo Pinheiro; aconchega-se em “Framework”, de Mário Afonso; passa pelo virtuosismo e ativismo de Piny em “HIP. A Pussy Point of View”, onde o movimento da anca descreve um conjunto de referências que transformam a carne em matéria de opressão, desejo ou movimento político; viaja por “O que não Acontece” no gesto na voz de duas das mais preciosas estrelas cadentes - Sofia Dias e Vítor Roriz; sorri e revê “Falsos Amigos” no discurso mirabolante e desafiador de Miguel Pereira e Guillem Mont de Palol; e termina com uma reflexão coreográfica sobre a nossa condição neste planeta com “O Mundo É um Susto”, de Vera Mantero.
Para esta edição juntamo-nos ao Cine Clube de Viseu que, ao organizar um ciclo dedicado à Arte, inscreve o corpo em duas das suas sessões: em “O Homem que Vendeu a sua Pele”, de Kaouther Ben Hania, sobre a história de um refugiado sírio que vende o seu corpo a um tatuador e cedo se apercebe que carrega uma mui desejada obra de arte (literalmente) às costas; e “Nada Pode Ficar”, de Maria João Guardão, parte integrante do programa do NANT, sobre a (des)ocupação do espaço da Re.AL de João Fiadeiro, após 15 anos de vivência numa casa que serviu de centro de experimentação e de laboratório da dança contemporânea em Lisboa.
Porque para existir é preciso respirar, é preciso ter corpo, é preciso ter movimento, abrimos 2022 oferecendo os nossos corpos múltiplos aos tempos vindouros, juntando-nos para celebrar o que um corpo pode em palco, o que um corpo pede, o que um corpo pulsa, o que um corpo dá, o que um corpo precisa, o que muitas vezes não é mais do que outro corpo com quem se amantizar, pensar, trocar ideias, avançar na (sua? nossa?) história.
Patrícia Portela
14 a 29 JAN'22
NANT - Novas Ações, Novos Tempos
dança / cinema / conversas
14 JAN / sexta / 21h00
local Sala de Espetáculos DANÇA E FADO
15 JAN / sábado / 21h00
local Sala de Espetáculos DANÇA
19 JAN / quarta / 15h00
local Estúdio de Dança DANÇA
19 JAN / quarta / 21h00
local Sala de Espetáculos DANÇA
20 JAN / quinta / 15h00 e 19h30
Local Estúdio de Dança DANÇA
20 JAN / quinta / 21h00
local Auditório IPDJ DOCUMENTÁRIO
22 JAN / sábado / 21h00
local Sala de Espetáculos DANÇA
26 JAN / quarta / 21h00
local Sala de Espetáculos DANÇA
29 JAN / sábado / 21h00
local Sala de Espetáculos DANÇA
ASSINATURA NANT = 30€
7 espetáculos + 1 documentário = num único bilhete
Outras iniciativas
CINEMA 13 JAN / quinta / 21h00
local Auditório IPDJ
WORKSHOP 18 JAN / terça / 10h30 às 12h30
local Palco