estreia
O projeto Do Demo não pretende ser uma peça de teatro, um espetáculo no sentido tradicional do termo. É antes uma experiência feita através dos utensílios que o teatro fornece aos seus intérpretes e ao público para de alguma forma criarem um espaço e um tempo onde se encontram e agem sobre si mesmos.
A escolha do universo de Aquilino como raiz, ponto de partida para esta viagem foi natural. Em palco, um conjunto de não-atores, no sentido mais nobre, propõe-se criar um trajeto pela paisagem em que habitam. A mesma paisagem tantas vezes descrita nas páginas de Aquilino agora vertida pelos olhos de outra geração, de outro quotidiano em que aparentemente a dureza inscrita nas páginas do autor foi domada por vias rápidas, telemóveis e televisões.
Habitando um espaço não- convencional, ou seja, ocupando os cantos esquecidos ou escondidos de um teatro, as esquinas, os corredores, os átrios, criar-se-á um caminho montanhoso e assombrado. Ao trilha-lo ouviremos histórias com palavras de Aquilino ou com as palavras dos intérpretes, com memórias de hoje e de há muito tempo, com gestos, cheiros e cores que nos habitam mas que, como os recantos de um teatro, ficam diluídos na sombra e na imaginação.
© F. Ribeiro