Seduzido pela força da poética de Jim Morrison, um dos ícones mais irreverentes da década de 60, e pelo disco An American Prayer, que os The Doors lançaram com poesias de Morrison, depois da sua morte, o coreógrafo Paulo Ribeiro deixou-se conduzir pelas palavras e pela espiritualidade do músico para refletir sobre o lugar de cada indivíduo na relação com o mundo e sobre o lugar da dança. Fiel no respeito pelo universo de Jim Morrison, mas desprendido no resgate de uma interioridade em perigo iminente, construiu uma peça alicerçada na necessidade de cada um se repensar como coletivo e de ter tempo para se ouvir e para ser livre. Cúmplice de Morrison, mas emancipado no jogo dos corpos, Paulo Ribeiro contraria o que chama de aniquilamento interior, alimentado pelo fantasma da insustentabilidade do mundo; provoca a apologia do coletivo e semeia alguns acidentes benévolos, feitos para agitar a perceção de quem assiste, bem ao jeito da sua dança orgânica e ativa.
Embebida pela vontade de romper e de transformar, a peça é habitada por sensações que se constroem e desconstroem, que orbitam em redor de uma época, de uma política, de um abandono, de uma preocupação, mas também de algo festivo e de uma Humanidade vigorosa. JIM reinvindica para a dança o lugar de sempre: o de não deixar morrer a capacidade, que existe dentro de cada um, de se transformar; a responsabilidade de se assumir como motor da sociedade e de se colocar nos interstícios de uma Humanidade que tem de mudar.
Coreografia e direção Paulo Ribeiro
Música The Doors e Bernardo Sassetti
Colaboração e assistência musical Miquel Bernat
Vídeo Fabio Iaquone e Luca Attilii
Desenho de luz Nuno Meira
Figurinos José António Tenente
Interpretação Anna Réti, Carla Ribeiro, Leonor Keil, Sandra Rosado, Avelino Chantre e Pedro Ramos
Participação especial Paulo Ribeiro
Operação de luz Cristóvão Cunha
Operação vídeo Tomás Pereira
Coprodução Guimarães 2012/Capital Europeia da Cultura, Teatro Nacional São João e São Luiz Teatro Municipal
Agradecimentos Portugal Brasil Agora, Joana Machado e Graeme Pulleyn
Fotografia Luís Belo