Estreia
A figura de Maria Madalena tem sido alvo de construções culturais que, ao longo de séculos, a tornaram santa e pecadora, devota e amante, cuidadora e “apóstola”. Estas construções repetem uma narrativa cultural que coloca a mulher num determinado lugar na sociedade ocidental.
A Madalena cabe o papel de cuidadora: alimentar, limpar, vestir e chorar os corpos, de iniciar e fechar o ciclo da vida. Foi ela que preparou o corpo morto de Cristo para as cerimónias fúnebres e também é a ela que é dado a conhecer o milagre da Ressurreição.
Atualmente, o contacto com o corpo morto, como parte integrante do processo de luto, é-nos vedado – tanto a mulheres quanto a homens. A morte foi higienizada, desmaterializada, tornada desprezível.
Invocando a simbólica figura de Madalena, este espetáculo procura resgatar o direito ao luto, um processo cujas diversas fases – negação, raiva, negociação, tristeza e aceitação – permitem atravessar a dor e regressar plenamente para os vivos. Este espetáculo é um modo de inscrever a morte na realidade da vida.
No Teatro Viriato, a estreia conta com a participação de um coro de vozes de Viseu, que colaboram no processo criativo.
Direção artística Sara de Castro
Aconselhamento artistico Teresa Lima
Assistência Catarina Moreira Pires
Dramaturgia Ana Pais
Cenografia e figurinos Marta Carreiras
Desenho de luz Rui Monteiro
Desenho de som Duarte Moreira
Elenco Ana Brandão, Carla Galvão, Crista Alfaiate, Madalena Almeida, Paula Só e Catarina Moreira Pires
Participação especial de coro de voz falada (Viseu) Ana Cristina Pereira, Carlos Cruz, Célia Rodrigues, Fernanda Mouga, Isabel Fonseca, Joana Ferreira, Manuela Antunes, Maria Helena Azeredo, Mauro Bastos e Rafaela Santos
Produção Dentro do Covil – Produção e Criação Artística
Coprodução Teatro Viriato, Centro de Arte de Ovar e Teatro Nacional D. Maria II.
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