sáb 21h00 | 45 min. approx. | m/ 12 anos
local Palco
preço 5€ // descontos não aplicáveis
«Em 1917, Marcel Duchamp escreve 1917 num urinol virado ao contrário. Em 1919, desenha um bigode no mais importante retrato da história da arte, não o original (ele não é Banksy), nem sequer uma reprodução (a Pop ainda não havia sido inventada), antes um retrato que ele próprio pintou, assim copiando o original e, ao fazê-lo, quase repetindo Melville: I would prefer not to. Em 1921, Man Ray fotografa Duchamp enquanto Rrose Sélavy, fechando o ciclo, ou então abrindo caminho para o desaparecimento do artista por trás do retrato. Um século depois, ainda não sabemos relacionar-nos, histórica ou artisticamente, com a radicalidade de tais gestos, ora descredibilizando-os (ou procurando-lhes novas autorias), ora atribuindo-lhes uma qualquer intransponibilidade ou irresolução histórica. Duchamp terá passado décadas da sua vida a fazer nada, razão pela qual Enrique Vila-Matas lhe terá dedicado algumas notas no seu romance dos autores-do-não “Bartleby & Cia.”: Uma vez, o artista Naum Gabo pergunta a Duchamp porque havia ele parado de pintar. “Mais que voulez-vous?”, responde Duchamp, levantando os braços no ar. “Je n’ai plus d’idées!”. A partir deste impasse, e através da ritualização de um isolacionismo queer e sacrificial, atrevo-me a revisitar a negligência de Duchamp, não para lhe atribuir uma solução (parce qu’il n’y a pas de problème) —, antes aceitar o insucesso, o afastamento e o esquecimento, quiçá o desaparecimento, não como rituais de vitimização ou opressão auto-infligida, antes como gestos de resistência.»
ROGÉRIO NUNO COSTA [Escreve com antigo AO]
Criação, direção, edição e performance Rogério Nuno Costa ·
Produção Inês Carvalho e Lemos ·
Dispositivo cénico Luís Lázaro Matos ·
Desenho de luz & direção técnica Kristian Palmu ·
Arte sonora Niko Skorpio ·
Dramaturgia de movimento Pie Kär ·
Design gráfico Jani Nummela ·
Workshop e apoio dramatúrgico Colectivo FACA (Andreia Coutinho e Maribel Sobreira)
Fotografia de cena Miguel Refresco ·
Coprodução Teatro Viriato e MUDAS. Museu de Arte Contemporânea da Madeira
Apoios A Bela Associação (Almada), Ballet Contemporâneo do Norte (Sta. Maria da Feira), Estrutura (Porto), Teatro Feiticeiro do Norte (Funchal) ·
Projeto financiado pelo Governo de Portugal – Direção-Geral das Artes
Apoio à mobilidade TelepART, Instituto Iberoamericano da Finlândia