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TEATRO | 16 SET 2020
Nada se perde SE tudo se transforma
Estávamos convencidos de que tínhamos encontrado A forma de viver.

O caminho estava certo, o percurso era linear e sempre em frente e sempre melhor. E se não conseguíssemos atingir um objectivo, mudávamos de casa, de parceiro, de profissão, de cidade, de país, de posição, de nome; em suma, de vida. Para tudo parecia haver uma solução, uma teoria, uma receita, uma hipótese melhor para um problema sempre resolúvel e, se não o conseguíssemos, é porque ainda não tínhamos dado o nosso melhor. Habituámo-nos tanto a tudo o que já somos que perdemos a capacidade de considerar o improvável. 

Não é a primeira vez na História que passamos por uma peste, uma tragédia, uma catástrofe. Mas é a primeira vez que a vivemos em simultâneo, sem fuga possível.

Uma voz que desconhecíamos ter põe à prova tudo o que já sabíamos de cor: 
Qual é A grande questão? Continuar? Perceber? Transformar? Ouvir? Falar?

As teorias multiplicam-se, divergem, confundem-se, contradizem-se.
E perante o desafio da Esfinge, devemos estar à altura de uma boa resposta. Mas também é perante a exigência de dias como estes que o hábito de seguir uma voz unívoca, que nos dite o caminho, torna mais fácil a crença no fim das coisas, em vez da intrínseca e fundamental necessidade de transformação.

É nestes momentos que um teatro de portas abertas é fundamental. Um lugar onde devemos debater o que ainda não sabemos. Sem respostas exactas, sem declarações definitivas nem resultados incontornáveis. Um lugar onde podemos encontrar sábios oriundos de diferentes filosofias e geografias e descobrir um imenso leque de alternativas. Em cena, partilhamos a convicção comum na capacidade de reinvenção do ser humano.

Um teatro é um ginásio de fitness utópico, promovendo o encontro quando os noticiários o condenam, permitindo o abraço ou o beijo (em cena), quando ele é olhado de soslaio na rua, amplificando as revoltas quando estas são silenciadas, velando os nossos mortos quando minimalizam os funerais, vivendo outras vidas que, quem sabe, ainda vamos a tempo de tentar.

Um palco, seja ele de tábuas, de cimento ou mesmo digital, é o lugar do ensaio permanente da empatia, o ringue das raivas na presença de árbitros, o exercício do humor e da liberdade perante a injustiça. Um espaço para a ternura, para o toque e sempre, sempre, mas mesmo sempre, para expormos a nossa fragilidade. Se cairmos, há sempre quem nos agarre. Se cometermos um erro há sempre quem nos corrija; temos sempre uma nova oportunidade.

Talvez nenhuma outra época tenha precisado tanto deste espaço, onde se estreitam relações, se redefinem afectos, se potenciam afinidades, e onde se encontram os pares, os parceiros, as cidades e as culturas divergentes, os patrícios e os Outros que, tão frequentemente, chamamos de bárbaros.

Durante os próximos meses encontrarão neste teatro muitas vozes que, de maneiras muito diversas, nos falam do que somos e do que poderemos vir a ser!

Um artista, um programador, um pensador, não é mais do que um humilde detector de sintonias ou um tradutor das múltiplas vozes silenciadas que habitam os corredores dos nossos dias; um devoto cúmplice da realidade que percorre, implacável, as nossas horas, inevitavelmente a caminho do amanhã. Um performer, um músico, um coreógrafo, um escritor, cria acreditando que cada árvore que cai sozinha na floresta tem uma multidão para a ouvir. 

É para essa antecâmara, a de um futuro próximo, onde se vê além do visível, que vos convidamos a entrar, através de cada um dos espectáculos da nossa programação.

Da minha parte, e sempre que possível, estarei à porta, para os receber, saber como estão, como param os ânimos, de onde sopram os ventos e os tempos, e para garantir que a nossa sala vos acolhe à temperatura ideal!

Patrícia Portela
(A autora escreve segundo o antigo acordo ortográfico.)

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