Recordo-me, há 18 anos atrás, ouvir durante uma visita guiada ao Teatro um aluno perguntar o que acontecia no palco. E alguém respondeu-lhe: “Acontece o Mundo!”. E quando escrevia este editorial pensava no papel de um Teatro na construção desse Mundo performático.
O Teatro Viriato tem sido um observador da sociedade, contribuindo para a visão que podemos ter do futuro. Insistimos na busca do indivíduo, nos processos que potenciam a descoberta de nós próprios e sempre no campo das possibilidades. Desafiamos e ouvimos o tecido artístico, escutamos e lemos o público. Esta é uma casa de intervenção individual e colectiva que constrói dinâmicas variáveis e que tem de estar sempre em transformação para potenciar a descoberta. Muitos têm encontrado aqui os lugares, os cenários e as direções da sua vida. É uma casa osmótica que dá lugar ao questionamento político e social dos tempos. Uma ação cultural alavancada num quadro de financiamento para as artes, cujo modelo está a ser reequacionado pelo Ministério da Cultura. Uma iniciativa que esperamos permita a refundação do reforço do apoio à criação nacional e uma política de coesão territorial no que toca ao acesso e fruição das artes em Portugal. É tempo de se voltar a assumir responsabilidades estratégicas e estruturais numa área que já deu provas de grandes contributos para o desenvolvimento social, para o desenvolvimento do pensamento divergente, e para resultados importantes na sua relação com a ciência e com a educação.
A esse propósito, termino com o simbólico gesto de felicitação aos primeiros finalistas do ensino especializado em dança da escola Lugar Presente, um momento importante na oferta formativa em Viseu.
Paula Garcia