Encontraríamos um número sem fim de possibilidades para desenhar a programação do ano de 2019 que assinala os 20 anos de projeto artístico do Teatro Viriato, que nasce sob a direção de Paulo Ribeiro e onde também Miguel Honrado imprimiu a sua identidade enquanto programador. Seriam muitos os artistas portugueses e internacionais, de diferentes áreas e diferentes gerações que, connosco foram cúmplices, corresponsáveis por tornarem o Teatro Viriato num projeto de engajamento, com responsabilidades assumidas em: inspirar, indignar, transformar, emancipar e revolucionar o pensamento e até o comportamento das pessoas nos planos social, político e cultural. A escala nacional e internacional que o projeto alcançou nunca ofuscou a sua missão de inscrição territorial e, por isso, 20 anos permitem comprovar, inequivocamente, o impacto social e cultural que o Teatro Viriato operou na sua área de influência à escala regional, facto que muito contribuiu para a conquista do seu estatuto de projeto global de mediação cultural.
A partir da programação que aqui apresentamos podemos aferir de múltiplas conexões ao estado do mundo e muito, particularmente, a Portugal, sendo que uma análise minuciosa revela o trabalho estruturante realizado ao longo do tempo para um público diversificado em respeito absoluto pelo pensamento divergente. Um trabalho de 20 anos que não teria sido possível sem o investimento continuado do Ministério da Cultura/DGArtes e do Município de Viseu e da autonomia do CAEV/Centro de Artes do Espectáculo de Viseu - uma responsabilidade partilhada entre o nacional e local (que deveria ser regra nas políticas públicas para o sector). Decisiva também tem sido a contribuição dos Amigos e dos Mecenas que nos acompanham e se mostraram disponíveis para embarcar em projetos que nos desafiam e responsabilizam a ambos.
O Teatro Viriato há muito que se tornou uma casa de programação com criação própria - essencial para se afirmar verdadeiramente como um lugar de renovação, de risco, de discussão e de questionamento, contribuindo para a inversão das lógicas comuns de descentralização.
É um exercício difícil este de querer dizer tanto num espaço condensado. Termino, consciente da dimensão da arte por si e da sua importante influência no indivíduo e na sociedade, dirigindo um brinde aos artistas portugueses e às suas equipas. Um aplauso reconhecido ao público. Dele ganhámos interlocutores que se têm tornado imprescindíveis no crescimento do projeto porque interpelam, dialogam e estão engajados. E, permitam-me, um agradecimento a toda a equipa do Teatro Viriato, os meus colegas que, todos os dias, fazem desta a sua casa e que, em parceria com os associados do CAEV, defendem este projeto artístico que nos continua, diariamente, a desafiar-nos. Certos de que queremos continuar a ir mais longe, a reinventar-nos...
O Teatro Viriato é de todos nós! É este o nosso mote para 2019 e, sobretudo, para o futuro.
Paula Garcia