Austeridade não é fatalidade. Austeridade é a necessidade de agir, de contrariar a morte anunciada. É o momento para intervir, sair de casa e enfrentar a apatia em que nos querem obrigar a viver.
Não vou dizer muito desta vez. Folheiem o programa e descubram que quem nos visita, quem se oferece à cidade, traz na bagagem o que de mais belo existe neste mundo, a capacidade de transformação poética dos que não se conformam com a tecnocracia hipócrita e oportunista que não pára de assombrar este novo milénio.
Os Teatros são estes pequenos clusters de resistência que nos fazem ter uma vida melhor.
Austeridade é ir para a rua, é ir para os teatros, é sair e dizer: Estamos aqui! E como dizem os franceses: On ne se laisse pas faire.
P.S.: Não deixe que lhe passe ao lado uma das mais inspiradas peças de Ricardo Pais, nem o 1974 de Miguel Seabra, nem as peças de Rui Horta, Jerome Bel, Tiago Rodrigues e de tantos outros que fazem do nosso Teatro e da nossa Cidade um espaço de permanente invenção, descoberta e partilha. O subtítulo do Sombras de Ricardo Pais pode perfeitamente adaptar-se ao presente: A NOSSA AUSTERIDADE É UMA IMENSA VITALIDADE.
Paulo Ribeiro