O meu último editorial... Tenho tanto para dizer que me faltam as palavras... que, desta vez, são ainda mais pessoais e intransmissíveis. A minha vida em Viseu foi tão intensa que tudo o que possa dizer é redutor. Nunca vivi vida tão longa e consequente. Nunca acreditei tanto no futuro como em Viseu. Nunca acreditei tanto nas pessoas como em Viseu. Nunca pensei conseguir conciliar ideias e projectos como em Viseu. Sempre pensei ser possível fazer o que fizemos e agora deveria ser possível fazer muito mais.
O meu último editorial... No primeiro discurso que fiz como director do Teatro Viriato falei de festa; falei de uma programação em que o pensamento, a criação e a descoberta andassem movidos pelo motor da celebração. Em festa. Curiosamente, hoje, no dia em que escrevo este editorial, estreio A Festa (da Insignificância) em Paris; um mês depois de ter sido nomeado como director artístico da Companhia Nacional de Bailado. E cito Chico Buarque: Foi bonita a festa pá...
Saio do Teatro Viriato com uma enorme sensação de liberdade e com o sentimento de dever cumprido! O meu último editorial é de agradecimento aos amigos que a cidade me deu. Amizades assim não voltarão a acontecer! Obrigado João Luís Oliva, obrigada Maria José Arede e ainda João Fonseca, Fidalgo Feitas, Jorge Silva, Ribeiro de Carvalho, José Matos, Benigno Rodrigues e tantos mais que o limite físico destas páginas não permite citar.
À grande equipa deste nosso Teatro presto a minha homenagem e agradecimento mais do que especial. Obrigado por terem transformado duas décadas de trabalho exigente num dos períodos mais prazerosos da nossa existência. Obrigado por terem feito do Teatro Viriato um modelo a seguir, uma referência reconhecida muito além da cidade que o acolhe. O Teatro Viriato é, hoje em dia, mais do que um equipamento feito à imagem de uma direção artística. O Teatro Viriato é um colectivo que funciona em osmose com a orientação geral e programática. O Teatro Viriato atingiu a maioridade... Deixem-no viver. Ele será sempre melhor!
Paulo Ribeiro*
