É difícil criar, ao longo dos anos e das temporadas, programações que se identifiquem, que se personalizem, que tenham algo que as afaste da rotina. À medida que avançamos no tempo e naquilo que ficou para trás, a responsabilidade é cada vez maior, porque já muito foi feito. Este ano de 2009 que, em breve, termina foi particularmente feliz, não só pelos artistas que nos visitaram como ainda e, sobretudo, pela fortíssima participação do público. Considerando uma das preocupações que nos tem orientado e que se prende com o equilíbrio na apresentação das várias artes de palco, este último quadrimestre é deliberadamente frágil. Teremos muita Música, algum Teatro e pouca Dança. Resolvemos aceitar o desequilíbrio porque nos pareceu que deveríamos acabar o ano (que celebra os primeiros dez anos do Teatro Viriato) acompanhados por alguns dos artistas que mais marcaram a história da nossa instituição. Avançamos então movidos pela fidelidade que devemos a quem admiramos: criadores, intérpretes e pessoas que fizeram desta
casa a sua casa. Esta é, na minha opinião, a Rede ideal, aquela que pressupõe passado, presente e muita vontade de construir futuro. É esse o desafio maior que nos tem movido desde sempre e que justifica e celebra esta programação ímpar e ainda tudo o que devemos a esta cidade, que tem respondido de forma plena aos desafios proporcionados pelo crescimento da dinâmica do Teatro e da Companhia.
A programação e actividade de um Teatro são um pretexto para algo maior. São a base de um movimento muito mais vasto e que, em breve, ganha mais visibilidade com a abertura do novo Lugar Presente e ainda a previsível formalização oficial de parceria com outros teatros do País, dando corpo àquilo que sempre nos norteou: a criação de Redes dentro e fora da cidade capazes de dar sentido e serem estruturantes neste fenómeno que torna as sociedades mais ou menos possíveis, mais ou menos consequentes, mais ou menos eficazes e felizes. O futuro pertence-nos!
Paulo Ribeiro